Equilibrando-se nas nuvens

Eu só queria vôar

  Sabe aquela dor estranha que não sabemos explicar?um aperto no coração,uma sensação de vazio,perda e insatisfação.Uma dor propriamente chamada angustia,a pior de todas as dores.É o que eu estou sentindo,não me sinto completa ,parece que o vento arrastou as minhas razões e tudo agora está sem sentido.O que eu posso fazer se nada é o bastante?o vento frio tentou me reanimar,me diz como reanimar uma pessoa que passou a tarde a olhar o teto?
  Tenho que parar de ir contra a gravidade,pra que isolar-se?eu sempre me pergunto, por que  não foi desse jeito?no fundo eu sei as respostas,mais prefiro as perguntas.As respostas são duras e me afogam ,as perguntas são leves e me fazem flutuar.O humano é feito de diferenças,você nunca vai encontrar ninguém igual a ninguém e por isso que eu admiro Deus,ele fez todos nós com nossas diferenças,medos,defeitos e qualidades.E agora eu sei que ninguém responderá as minhas respostas a não ser eu mesma!


   Eu não sabia o que o corroía,mas sabia que aquilo iria me corroer também.Até as paredes da casa já estavam  verdes do limo que se acumulou entre nos dois,mas ainda insistimos nesse vazio.O que eu vou dizer a meu coração cansado?já aviamos percebido que era a hora de partimos cada um pro seu lado,só não queríamos aceitar os fatos.E foi assim,nessa insistência conturbada que passávamos os dias e tentávamos colar os pedaços quebrado do casamento,até o dia que ele se matou, encontrei-o morto na sua poltrona,avia um copo quebrado no chão,ele se envenenou.E eu?fiquei ali estatelada,só as janelas batiam sem cessar ,como se o espírito dele ainda vagasse por ali.Nunca mais esqueci essa cena.
   Depois de anos,refiz minha vida naquela mesma casa,comprei um cachorro e projetei um grande jardim na frente da casa.Mesmo assim,eu não conseguia ser feliz ,nem entender o por que dele ter se matado e de ficarmos esses anos naquele silêncio amaldiçoado.Os dias iam e viam e tudo parecia normal,até o dia que as janelas voltaram a bater com muita brutalidade apesar de não haver vento,eu lembrei daquele dia horrível e da cena mais cruel da minha vida.Ele tinha voltado a vagar por ali.Os dias tornaram-se difíceis e respirar já não era possível,eu tinha que ir embora e me separar dele uma vez por todas.E assim eu fiz,juntei minhas malas,levei meu cachorro,pena que não pude levar o jardim também.
  Eu e meu marido não éramos amantes um do outro,o que o tanto afligia era aquela depressão,depressão que anos me corroeu ,nenhum de nós formos capazes de nós ajudar.E assim nesse desespero,escondemos tudo pra debaixo do tapete e fizermos-nos de cego e surdos,não compreendi-mos que não existia mais amor ali.

   É como eu tivesse caminhando no oássis,em areias quentes do deserto. Águias agora sobrevoam sobre mim e me farei livre no deserto.Nunca mais me perderem de ti,nunca mais me afogarei nas águas e nem as ondas me levaram pra um lugar ao sul das montanhas.Porque meu lugar é aqui,no seu recanto.Queimarem em chamas e deixarem as luzes do amor acessas e não mais vagarei na escuridão dos vales e não me esconderei das serpentes.Os pássaros são livre para amar,o amor é como pássaros ,eu sou um pássaro.
   Areias que se espalhem,o chão que se abra,as montanhas rachem,mais meu lugar é perto de ti.E nem o sol e nem a lua pode tentar mudar o que está escrito,o que foi desenhado nas estrelas e no seu olhar.Construir uma tenda,nossa tenda e aqui passaremos nossos dias e nem o vento derrubará nosso abrigo e o deserto nos abençoou,meu amor.



   Cada minuto é importante,para quem vive todos os dias como se fosse o último.Essa não é uma forma de tentar viver em quanto é tempo,mais sim uma forma desesperada de viver a vida enquanto pode.E a minha malandragem é assim,vivo o possível e tento viver o impossível.E por isso que na minha vida não existe a palavra ''quase'',porque nunca deixo nada pela metade,não sou porra de ''metade da laranja'',eu me completo e não a nada que possa encaixar-me.
   Adimiro os gatos por serem independentes e me adimiro por descobrir as coisas por mim mesma.Pra mim nunca existe destino,tudo  tem um por que,tudo tem justificativa,exeto as coisas criadas por Deus,não temos que saber o porque delas serem criadas e nem ficar indagando.Um exemplo disso é o céu,não sei como foi feito e nem importa,só sei que é lindo e duvido que todos que morrem vão pra lá,se fosse assim o céu tava igual a Cabuçu,cheio de farofeiro.Quando alguma coisa acontece é difícil saber como aconteceu e o motivo,e se é difícil saber no momento o por que que as coisas acontecem é porque você só vai entender lá frente,como um mapa que leva ao tesouro,mas, sempre temos que saber que entender as coisas nem sempre leva a coisas belas,leva a muita disgraça também.
   Eu não consigo ficar calada e é por causa disso que eu sempre me fodo,digo o que ninguém tem coragem de dizer e tudo que eu penso,não guardo nada pra mim,odeio segredos,não sou baú.O que eu tenho pra dizer eu falo,nunca deixo pra depois e nunca digo a outra pessoa o que tenho pra falar, a não ser a que eu devo falar,odeio quem fala pelas costas,falo tudo na cara,na lata.Não tenho medo da minha verdade e nem das minhas mentiras,quando dizem:''mentira tem perna curta'',eu nego,as minhas tem perna comprida,a mentira só pode deixar de ser o oposto da verdade quando são bem contadas e planejadas também,sempre deve se considerar hipóteses e o tempo tem que ser cronometrado,é como matemática um sinal errado e a conta está erradissíma,odeio matemática mais aprendi lidar com ela.A verdade é sempre mais fácil de ser contada e eu nunca penso na hora de dizer a verdade,mesmo quando é difícil de conta-la.E foi assim que eu aprendi a ser malandra,a verdade é única e a mentira é a gente que faz.


                                               ''Malandro é malandro
                                                 E mané é mané.''
                                                (Bezerra Da Silva)

''Não posso pedir que o inverno perdoe a um rosal
Não posso pedir que macieiras deem peras
Não posso pedir o eterno a um simples mortal
E atirar aos porcos, milhares de pérolas''
(Shakira)

   Me identifico com esse trecho da música La Tortura de Shakira.Não posso pedir coisas impossíveis.E talvez completando o trecho da música eu posso dizer que não posso pedir aos que se foram que voltem , que caminhem contra o vento e  voltem para mim.
   Nossa,tô ficando igual a Alvares de Azevedo,falando só de morte e coisas mórbidas.Esse não deixa de ser meu tema preferido,mas,também gosto de falar sobre a natureza, misticismo,minha opinião,amor,ódio e tudo que me corroe.
  Sempre fui apaixonada por mim mesma,sou amante da lua,dos ventos e de toda natureza.Sou teimosa,inimiga do correto,nada é correto,tudo é fora da lei.Fascinada por magia   
desde criança,procuro sempre sabedoria nas coisas simples e até uma folha seca pode me ensinar coisas que ninguém pode me ensinar.Aprendi a amar e perdoar com os animais,não consigo confiar no homem e por isso que eu digo que odeio lidar com gente.Odeio rotina,nada repetitivo me agrada,acho que é  porque tenho  TOC e sofri muito com a mania de repetir.(risos)...Talvez eu nem me conheça,nem sei que eu sou,mesmo assim aprendi gostar de mim!



     
 


                                 

   Nasce como o vento,e logo faz ventar,balançou as cortinas,árvores,espalhou as areias do deserto,mais depois vem a calma ,o vento cessar e a amiga de todos nós vem no silêncio e te leva nos braços.Acabou!...nada é para sempre.O que um dia nasce tem que morrer,é fato.
   Só as palavras podem ser como pedras,não pela dureza das pedras,mas por sua eternidade,um livro já dizia:''as pedras não morrem'',nós que morremos,elas permanecem a observar os dias que não veremos.Nunca quis ser feita de raios,nem trovões,porque depois da tempestade tudo acaba,queria ser uma pedra ou ser feita de palavras,palavras tão doce como mel ou amargas como o um veneno.Mas se for pra ser de palavras,que sejam livres,livres como pássaros em seu habitat natural.
   E assim segue o curso da vida,nascemos,crescemos,nos reproduzimos(nem sempre) e depois morremos,isso  aprendemos no jardim de infância,observando plantas e animais.Mas observar o nascer do ser humano é algo tão magnífico que o morrer torna-se algo tão cruel,e logo perguntamos:por que?a vida é assim meu chapa,nasce de uma cachoeira e depois tudo se acaba na ribanceira,somos água,evaporamos.De nós só se tornarão eternas as palavras e as pedras que deixamos no caminho!